segunda-feira, 6 de julho de 2009

Toda a gente já sabe


Ivan Pinkava - Isolde

De manhã escorre o sono pelas paredes. Ponho a música. A tal. Que fala em amor e entrega. A melodia mais bonita que alguma vez se compõs.
A Babilónia. Existia um homem muito rico por lá. Ele deu-me a ler um livro que falva nesse homem. Eu li e gostei.
Nunca mais tive notícias dele. Preocupo-me. O amor é um balão. É uma cisterna. Sou uma pessoa de cisternas. Cisternas de amor, cisternas de esperma, cisternas de urina, cisternas de carinho.

Tenho a pele macia. Acordo com a pele macia. Estranho a minha pele tão macia. Gosto de ti Fernando. Nunca me perderás. Lês-me. Sorri. A tua esquilinho. A tua mexicana emocional que chora e ri com a facilidade de quem calça uns sapatos. Grilinho.
Está na hora de começarmos a rir. De nós mesmos. Da novela venezuelana em que transformamos as nossas vidas. O trio. O bom e o mau. E os maus que são sempre mais atraentes. O mau que possui um bigode fininho sobre o lábio superior. Que tem cara de... chulo. Mas o mau que não é mau. É simplesmente o que apareceu depois. Antes ela vivia na mansão, vestia-se de branco com chapéus largos. Tinha dez criados. Ou talvez não. Talvez vivesse numa pequena casinha e o marido fosse carpinteiro, ou operário. E durante o dia usava uma bata com flores e chinelos nos pés. Mas quando tirava os chinelos dançava de vassoura na mão. A rumba, o vallenato, a cumbia, a salsa, o merengue.

Como seria passar para escrita a música? Tumm, trumm, tum, te. Soa a pouco. Soa pobre. No entanto a minha boca consegue emitir esses sons. Um trum, tum, te, belo e harmonioso.
O meu corpo anseia toque. Pele. Pêlos. Rins. Boca. Nariz.
As unhas espelham-se brancas da lixívia. Um trompete?

I'll do anything you ask me to. I'll wear a mask for you.

Gostava de escrever poemas. Mas a minha escrita empobrece. Porque rodeio. Porque tento atravessar o corpo sem passar pelo coração.
Evito-me.
Evito-te. E por vezes, por vezes em mim um sentimento estranho. A minha incapacidade em sentir medo por gostar dele. Em ter a coragem em dizê-lo. Em não escondê-lo, em não ocultar. Como se não existisse outra rua. E é esta que tenho de atravessar. A de afirmar nos ossos. Na carne. Adoro-te. E ao escrever "dele" quis escrever "ti". Mas não o fiz. Despersonalizo.

Vamos dançar?

2 comentários:

  1. Regressaste. Regozijo. Smile... Fica! *

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  2. Nos meus momentos de maior desvario sempre tiveste a mao certa, carinhosa e atenta :) Estamos por vezes fadados a fazer vastas viagens, mas regressamos sempre para partilhar. :) Como as ondas do mar regressamos e por um momento descansamos. Cada partida pede um regresso. Cada historia o seu rosto. E sorri feliz agora.

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