quarta-feira, 1 de julho de 2009

19:54




Olhar no mundo e ver nu. Ver tudo despido. Olhar nas mulheres e ver-lhes o púbis.
Olhar nos homens e ver-lhes os membros murchos. Empelados.
Olhar neles e imaginá-los a arfar, a gemer. Filipa, como gemes tu? E tu Ana? Pedes mais? Amélia pedes com força? Como será a cona da Isabel?

É esta música. Tem poderes de puta sobre mim.
Crua. Fico crua. E com vontade de dar ou receber chapadas.
Evidencio-me. Mantenho-me. Vivo.
Certinha?
Sei lá...

Ela era loira. Trabalhava num Ministério. Tinha-se licenciado e vivia com a mãe.
Eu vi-a no autocarro. Ela nunca me viu. Cometia o erro de muitas putas: ser pouco observadora.
Ela cheirava a maquilhagem. A rouge. A batons. Eu cheirava a carne e algumas manhãs a sexo ou urina.
Eram dias de descoberta.
Ela usava saias justas travadas. De cores intensas e casacos de malha a condizer.
Mas eu sentia. Sentia que tudo aquilo podia ser arrancado à lambada.
Eu sentia.
E um dia ela subiu as escadas de minha casa de coleira. Um dia olhei para ela e esbocei o meu melhor sorriso. Orgulhosa.

Espero. Passa.
Há dias em que sou perigosa.
Em que me amordaço em casa pois cometeria todos os crimes possíveis.
E não existiria cadeia que me prendesse.
Nem médico que me tratasse.

Sou serpente. Não sou Eva.
Sou.

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