domingo, 12 de julho de 2009

Trabalhos Forçados


Diana Michener - Solitaire 4

És uma chata. Quero lá saber do que escreves. Quero lá saber o que pensas ou sentes. Eu quero é foder-te. Dás-me tesão puta. Quero lá saber se ouves os pássaros de manhã e sentes o calor nos braços. Quero lá saber se gostas de ser beijada com força. Eu quero é a tua cona. E o teu cu. Quero lá saber se tens dificuldades no trabalho e se as tuas colegas são casadas ou solteiras, loiras ou morenas, eficientes ou antas. Eu quero é foder-te. Esporrar-me em ti. No teu peito, nessa tua boca, nesses teus olhos. Quero lá saber. Excitas-me. Apenas e só isso. És uma cabra que me excita. Dás-me tusa. Não era isso que querias? Não provocaste? Pois então. Agora, vais ter de mos vazar. Quero lá saber se estás apaixonada. Quero lá saber se corre bem ou mal. Quero é foder-te. Encher-te os buracos todos. Fazer-te minha. Sentir-te a espernear. Puta!

És um chato. Quero lá saber com o que trabalhas. Tu e o teu estatuto social. Quero lá saber se fazes isto ou aquilo e se nas tardes de Verão vais a esta ou àquela praia. Quero lá saber se vais jantar ali ou acolá. Quero lá saber se tens filhos, sobrinhos ou enteados. Não quero. Não quero saber. Só quero saber se te dou tusa. Fingir que me dás também, ainda que dês erros ortográficos. Ainda que os teus risinhos me irritem. Ainda que eu ache que és estúpido como uma porta. Mas quero saber se te dou tusa. É que senti-me aqui sozinha e pensei em encher o ego. Em dar um chuto para o ego. Em sentir-me desejada. E foste o primeiro a aparecer. É rápido. Basta acenar-te com a minha cona. Vês? Já estás duro? Já. Eu sei. Basta-me falar cruamente. Como eu sei. Um sonho. Um sonho. Não, não quero saber se moras em Setúbal ou Albufeira. Não sabes que tudo isto é um enorme vazio? Que tudo isto só espelha a nossa solidão? Que nem eu nem tu nos desejamos? Que apenas desejamos o sentimento de desejo? Que eu não conto? Que tu não contas? És um básico. Não sabes? Não sabes que tudo aquilo que disse é incoerente? Nem reparaste? Neguei-me a mim mesma e nem reparaste. Entrei em contradição e nem reparaste. E é fácil. É tão fácil. Mas é um pau de dois bicos. Se não vales nada, seduzir-te é nada. Se te desprezo no final desprezo-me. Destrutivo? Sim. Mas tu não sabes. Nem saberás. Os teus pensamentos estão virados para a mota que tens, para o negócio e as fodas marcadas.

Queres beber café? Senta-te.

Sou uma chata. Mania de falar em cumplicidade e amor. Em falar em afecto e foda molhada. Em dizer que não me basto. Em falar em duas faces. Em querer a medo. Em ser cona e mais que cona. Falar em sentimentos! Quem fala em sentimentos? Quem quer falar em sentimentos? De paixão! Que vómito. Qual paixão? Qual paixão? Querem lá saber da paixão. Cona e cu. Cona e cu. Partilha? Sim, partilha de líquidos. Mais do que isso? Só se for um jantar. Um dia na praia. Tudo acaba igual. Não insistas. Ou insiste. Faz como queiras. Sou uma parva. Uma chata. Uma crente. Uma utópica. Uma tonta. Uma baralhadinha dos cornos.

Vou fazer-te um prato de merda. Bosta de vaca para que comas e chores por mais. Ou preferes minha?
O alemão em minha casa. O fim-de-semana a ver filmes de scat. Merda misturada com ovos mexidos numa frigideira. As primeiras imagens. Difíceis. Depois? Depois vamos. Entendo o simbolismo mas o filme era uma festa. Sem a parte dramática que tanto gosto. Os silêncios. Os olhares. A repugnância. O ser forçada. Até nesta porcaria eu não me basto. Até na merda eu não me basto. A degradação...

Vomito-me.
Cuspo-me.
E lembro que ele escreveu lember. Lember.
Ai!

Depois veio outro que me falou em carinho. Eu quis encomendar cinco quilos mas estava ao que parece esgotado.

Vou fazer cocó. Tomar banho. Vestir-me. Sair. Cansar o corpo. Levo comigo a reciclagem.

1 comentário:

  1. Hoje sonhei com um homem grande de alma pequena. Não costumo sonhar com homens mas aconteceu. A natureza sábia e ambígua tinha-lhe dado uma picha grande na falta de melhor. Que dava a volta debaixo do escroto e o penetrava no ânus quando ele sentia desejo. No final do sonho morre com um cancro no recto. Ita missa esd. Acredito no amor e acredito na escrita. Bem feito. Ela também. E já passsou por ti.

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