quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Playboy e o tio da Paula


Albano Ruela Pinho - The Bride


Sim. Sim. Sim. Sim. É o que queres que diga? Pois digo. Digo. Digo sim. Sim. Sim. É isso tudo. Afinal somos todos tão competentes. Tão eficientes. Tão modernos. Tão humanos. Tão profissionais. Tão comoventes. E evidentes... E corremos. Como corremos. Para nada. Porque corremos? Porque comemos à pressa? Porquê? Para que o mundo funcione? Mas o mundo quer lá saber de nós. O mundo não precisa de nós pra funcionar. O mundo é o único ser auto-suficiente. Não precisa de vitaminas, nem proteínas. Não precisa de sapatos, nem de gel da barba. Não precisa da fotossíntese, nem de coitos. Ponto. Ponto. Ponto cruz. Ponto de arroz. E sushi com batatas cozidas. Corres. Corres porque queres aquelas colunas? Que desgaste. Que desperdício de energia. Sim eu sei. São as que queres. É o que queres. São as com que sempre sonhaste. Uma prioridade. Mas repara. Até as Miss Universo tem sonhos maiores. De paz. De felicidade. De vinde a mim as criancinhas... E não, não rias. Eu ando a correr para poder comprar um requeijão. Já tenho o doce de abóbora. Depois faço uma orgia. Embriago-me e tomo aspirinas. Vou fazer uma tatuagem. No braço. Ou nas costas. Na barriga da perna. No dedo grande do pé. Em qualquer lado. Preciso de marcar a pele. De sentir agulhas. De provocar sensações. Ando cansada. E hoje veio-me outra vez à mente aquelas olheiras profundas. Ter amor a um par de olheiras. E os orgasmos têm sabido a nada. Um soluço. Miséria... Já não as posso ouvir. Vomito-me com sandálias. E conversas de sandálias. Desejo o Inverno. Para que falem em botas. Em botas com botões. E cordões. E atilhos. E aplicações. E saltos altos. Ou rasos. Mas botas. Por favor. Imploro. Peço-vos. Rogo-vos. Falem em botas. Em botas... Olho neles e dou um par de estalos. Em mim. Depois existem as sopeiras. As belas e más das sopeiras. Ai. Ponho a mão na anca e desafio-as. Para uma sopa. Uma lavagem de loiça. Um jantar na ponte Vasco da Gama. As sopeirinhas pequeninas. Sem cabeça. No lugar uma boca. Para falar. Falar. Falar. Ouvirem-se. Ouvirem-se muito. E de lado uns olhinhos estrábicos. Que tudo vêem deturpado. Para invejar. Observar. Desdenhar e invejar. E existe ainda aquele que atrevidamente diz gostar do Budha Bar. A maravilha do Budha Bar. E como se escreve Budha Bar? Preguiça. E as músicas dos esquemas. Todos iguais. Acima. Abaixo. Abaixo. Acima. Que lindas. Que sensuais. Sensualmente iguais. Todas iguaizinhas. São irmãs gémeas. Há mulheres que são irmãs gémeas. A mãe quer que se vistam de igual. É a moda. E a oportunidade de abanarmos as ancas olhando na fotografia. Sorridentes. Sempre sorridentes. Alguém já se lembrou porque a beleza está associada a sorrisos? Porque carga de água temos de sorrir para a fotografia? Bem fazia a minha irmã. Chorava. Chorava. E eu tola. Sempre tola. Ria-me até às lágrimas. Bastava olhar nos dedos de pontas pretas do fotógrafo para me rir. Dos dois dedinhos dele. Porque me ria eu? Aproveitava. Aproveitava para me rir de todos. De mim. De ti. Dele. Dela. De nós. De todos. Tal como aproveito para chorar todos os males do mundo. Com um golpe. Com um pequeno golpe. Choro por ti. Por mim. Pela dor. E por ele. E por nós. Por todos. Cambada.

6 comentários:

  1. Gosto da cabrinha vestida de noiva afinal é pesadelo de qualquer cabra ;)

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  2. E eu gosto do requeijão, que também tem a ver com cabras. Sim, vale a pena correr um pouco por ele! :-)

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  3. Curioso descontexto. És estimulante. (:

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  4. Eu odeio gente. Sobretudo gajas, com gajas é que não posso mesmo, sobretudo quando me perguntam: "então e as tuas amigas"? e eu respondo "eu lá sou gaja de ter amigas?", odeio gajas...

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  5. Esparsa tb nao curto gajas... prefiro machos cabris ;)

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