quarta-feira, 5 de agosto de 2009

novelas


Alan Tex

Fumo o último cigarro. Sim, não devia. Não devia fumar. Não devia estar a fumar. Não depois daquelas sádicas me terem deixado a boca incapaz de fazer seja o que for a não ser beber água. Mas elas são sádicas e eu masoquista. Tocamo-nos. Existe uma linha ténue entre nós. Eu sou sádica e de vez em quando aponto esse sadismo a mim mesma. Como agora. E elas compensam o facto de gostarem de servir os maridos, de donas-de-casa responsáveis, de mães dedicadas com uma profissão que lhe coloca nas mãos instrumentos de tortura e dor. É assim que nascem as novelas mexicanas. Devia ir para o México, mas depois da minha consulta com as sádicas só tenho dinheiro para ir a Sacavém. Banhar-me no Trancão.

Recomecemos.

Fumo o último cigarro. E já tremo de vontades pelo seguinte. Fumo o último cigarro e já me sinto ansiosa pelo próximo. E é de noite. De noite vendem-se cigarros mais longe. Mas é quarta. Há quarta os bares já estão abertos. E eu sei, por uma dependência saio de casa nua de gatas. Mas não devo. Que fazer quando me der vontade de fumar? Masturbo-me. E se não tiver vontade em masturbar-me? Vejo filmes porno. Se não resultar? Jogo cartas. E se perder me aumentar a ansiedade? Comer não posso. Escreves. Não escreves com a boca... Sim por enquanto, enquanto as sádicas não me mexerem nas mãos. Posso ir caminhar. Não te rias. Sim, sou preguiçosa. Mas caminho, por vezes não? Sim, mas de noite? Que tem de noite? E eu acaso tenho medo da noite? Não. Então, caminharei. Preferia ter xanax. E diz-me, assim, escreve-se o quê? Não sei. Lembras-te das fotonovelas italianas? Das que tinham os triângulos amorosos. O bom, a má e a boa. Ele acabava sempre com a boa. E a boa surgia sempre depois. A amante fica sempre bem vista. Ou ficava. Era a boazinha. Agora a maioria das amantes são destruidoras de casamentos. Intriguistas que tudo fazem para ter o homem em seu poder. Mete nojo, não é? Que se mantenha tudo pobre eu entendo, mas que a amante seja a má não.

Recomecemos.

Fumei o último cigarro. Consigo beber água. Já me ligaram duas vezes do City Bank para aderir a um cartão de crédito que oferece uma máquina de café. O Senhor indignou-se quando lhe disse que não ia aderir a um cartão só porque oferecia uma máquina de café. Minha rica máquina de café de saco com 10 anos! Retorquiu que ajudava. Sem dúvida que ajuda, para quem procura aderir a um cartão de crédito. Eu já tenho um e estou satisfeita. Não é gold mas eu gosto dele. Não é Amex mas aceitam-no em Cuba. Enfim, um cartão cheio de virtudes. Com possibilidades de consultas e ordens de pagamento online. Tudo o que um bom cartão oferece. Uma revista. Possibilidade de comprar a prestações artigos que se vendem no comércio tradicional por metade do preço. Boas taxas de juro desde que liquides na totalidade. Um bom cartão o meu. E é bonito. Tem um design bonito. Gosto de abrir a carteira e olhá-lo. Já pensei em colocá-lo na estante dos livros. Mas apanha pó. E escrever assim é uma mistura de folheto publicitário com texto de blogue humorístico sobre trivialidades.

Recomecemos.

Fumei o último cigarro. Mandei-lhe as baforadas para a cara. Ele também fumava. E devia estar desejoso de fumar. Fez-me um sorriso triste. Um olhar de quem não gosta. De quem está desconfortável. Agarrei-lhe no queixo e colocando a boca junto ao seu ouvido disse-lhe que ia sair. Que a companhia dele não era suficientemente agradável para eu ficar a seu lado. Gemeu. Entristeceu. Tu nem tens picha para mim. Nem sabes foder. Não te sabes mexer. E os minetes que fazes são um desatre. Nem com a língua sabes trabalhar. Deves pensar que estás a desinfectar uma ferida. Mas não. Um bom minete é com a boca toda. E os dedos a ajudar. É para afocinhares na minha cona. É para lamberes com a língua toda. Espatulada. E sugares. Sugares o que pende. O que se esconde. Descobrires com a ponta e lamberes por inteiro. Nem para isso serves. Que queres que te faça? Que posso eu fazer com um verme que não sabe servir-me sexualmente? Que faço? Amarro-o e vivo em função dele? Amarro-o e faço-lhe aquilo que ele quer? Mas quem serve quem? O que tu querias era que eu te enrabasse. Mas como tu queres eu não faço. Será o prémio. O prémio para quando aprenderes a lamber. Para quando me fizeres um minete decente. Como lambias tu as tuas namoradas? Como? Sim, baixa a cabeça. E dizes-te tu puta? Com dez anos já sabia lamber melhor que tu. Com cinco... Olhei nele e sorri. Puta...

Terminemos...

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