quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Perde-me(te)


Alain Tex

Ping. Ping. Ping.
O melro canta. E eu olhando no seu cantar indignado desejo que ele morra a meus pés. Desejo-lhe a cor das penas das asas. Desejo o seu toque. Desejo a sua morte para o calar.

 
Ping. Ping. Ping.
Ping. Diz-me um homem. Comigo sentada. Olhando-me com raiva. Ou com medo? Ping. De pingar. Ping. De chorar.
 
E é num copo que deito a cinza. E num pranto que me fecho. Lembro a alma que foi minha. Ping. Ping. Ping. Traz.
 
Lavoura adentro. Lavoura de vinha. Lábios grossos que quero calados. Lábios grossos que quero beijar. No topo. Acima. Comigo sentada. De cima. Um coração que eu desejo sangrar.
 
Ping. Ping. Ping. Traz.
 
Não é rima. Nem é prosa. Não é nada que não nós. Eu. E tu. Nós.
 
É esta vontade premente.
Dormente.
Omnipresente.
Crente.
Insaciável.
De contigo estar.
Amor.
 
Ping. Ping. Ping. Traz.

4 comentários:

  1. Perco-me imenso nos teus textos... mas também me encontro muito.

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  2. dá notícias :-) beijo grande, Black Demon

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  3. as coisas que se encontram, ao navegar ao acaso na internet, quase me faltou o ar quando vi que ainda estás viva.

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