sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Peugeot Partener em forma de coração

Shadi Ghadirian

Pouca terra, pouca terra... muita terra, pouca terra.
Diz-me tu cigano quantos dedos cabem no meu ânus.
Cabe algum? Cabem todos? De uma mão? E dos pés?
Diz-me tu lambe botas quantos caralhos já lambi.
Foram 2 ou três?
 
A mamã dá licença?
Quantos passos?
Oh caranguejo que me revejo.

 
Estoira.
Pó. Cimento. Estuque. Vitaminas.
Frescura pela manhã com sabor a caracóis na cabeça. E um miúdo egoísta que me sorri compenetrado em ser gato.
Surpresa. E é no micro-ondas que aqueço as salsichas que não foram comidas ao pequeno-almoço. É lá entre paredes brancas e pó que leio a etiqueta de € 5,99. Ao som de "My moon, my man".

E é sempre um desespero ser feliz. Estar feliz. Nada a dizer. Feliz. Que dizer? Feliz. Felicidade cria crianças. Felicidade cria cómodas e mesinhas de cabeceira. Felicidade cria danças entre luzes. Felicidade cria pavimentos de madeira. Mas não cria letras em mim. 

 
- Quanto tempo?   
- Não sei. Até... ao fim.
- Até ao fim.
- Seja.
 
Run...
 

Amo-te. A valer. Ponto.

1 comentário:

  1. Antes te esvazie de letras, mas te encha de sorrisos.

    um beijinho.

    ps- é bom saber-te bem!

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