Romain Slocombe
Tu vais olhar na tua frente. Sentir que me vês. Que estou do teu lado. Que sentes a minha mão brincar na minha perna. Os meus dedos roliços deslizarem na minha perna. Sentes-me nervosa. Nervosa de ti. A querer-te. No silêncio. Vais ver-me a teu lado. E calado observas-me. Eu abro a boca para dizer algo. Algo que tu já sabes. Fecho-a. E tento novamente abrir. Mas tu já sabes. E calas-me. Calas-me com um olhar. E depois do olhar que eu tremo, calas-me com um beijo. Um beijo em mim. Para que me cale. Para que não me pronuncie. Porque é doloroso. É doloroso este sentir assim. Porque eu sofro por ti. Porque sofres por mim. O teu braço toca-me na cintura. E amarra-me. Um beijo que ainda não terminou. Sentes-me os lábios. A língua. Um beijo. Um beijo leve sem força. Sem carne. Um beijo de corpo com alma. É nesse beijo que te perdes. Onde eu já me perdi. Tinha de ser assim. Sabemos que tinha de ser assim. Uma atracção. Um beijo.
Vais perguntar-me quem sou eu. E eu não sei responder. Ficarei calada a teu lado. Querendo olhar-te. Com medo de olhar-te. Ou talvez não. Talvez me vire para ti e me vejas os olhos. Quem sou eu? E tu quem és? Sim, poderei responder com uma pergunta. E tu tentarás responder-me com banalidades. Mas calas-te. Sabes que não é isso. Não foi isso que nos perguntámos. Silencias-te. Ainda tens na cara o cheiro do beijo. Nos lábios o sabor do beijo. Nos meus um tremor. Uma vontade de me silenciar na tua boca. Pela tua boca. Através da tua boca. Olho-te. Toco nos teus cabelos. Grisalhos. Observo os dedos que entram e passeiam nos teus cabelos. Questionas-te. Serei assim sempre? Não sabes. Mas queres perguntar. Saberes-te especial. Sem dúvidas. Saberes-te único. Eu olho. Sei. Sei-te. Sorrio. As tuas dúvidas dissipam-se. Ou não...
Quem nos uniu? Porque nos unimos? Porque existem estas leis? Que empurram corpos contra corpos. Mentes contra mentes. Corações contra corações. Que leis são estas que não são científicas? Diz-me tu. Tu homem de números e teorias. Eu não sei. Nada sei a não ser sentar-me a teu lado e esperar que me beijes. Nada quero a não ser sentar-me a teu lado e esperar que me beijes. Beijas?
Quem nos uniu? Porque nos unimos? Porque existem estas leis? Que empurram corpos contra corpos. Mentes contra mentes. Corações contra corações. Que leis são estas que não são científicas? Diz-me tu. Tu homem de números e teorias. Eu não sei. Nada sei a não ser sentar-me a teu lado e esperar que me beijes. Nada quero a não ser sentar-me a teu lado e esperar que me beijes. Beijas?
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